Sergio Leão, CFP®, responde:
Você já ouviu falar de Asset Allocation?
O nome pode parecer estranho, mas, na prática, essa é a estratégia de alocação que deveria guiar os seus investimentos, faça chuva ou faça sol.
O investidor brasileiro costuma começar seus investimentos da forma errada:
– Quanto eu vou ganhar?
– Em quanto tempo eu terei X em dividendos?
– Qual o melhor investimento?
O problema desse cenário é que, com esses comportamentos, o investidor se coloca cada vez mais longe do que seria o ideal.
Investir não é divertido e, normalmente, não é emocionante. Investir é sobre ser consistente e disciplinado. E saber que, independentemente do que você faça, ainda será impossível controlar ou prever o mercado.
Sendo assim, o caminho que deveria ser seguido é aquele em que você entende exatamente o quanto de dinheiro deveria ter, divide-o em cada classe de ativos, e só a partir desse momento começa a se preocupar com quais ativos escolher para investir.
Asset Allocation é essa estrutura que dá forma à sua carteira. É ela quem determina o quanto do seu patrimônio será mantido em caixa e o quanto estará em Crédito Privado, Inflação, Câmbio e/ou Bolsa.
Quando essa estrutura é mantida, investir se torna menos sentimento e mais lógica:
Você compra o que performou menos, ou seja, o que mais caiu ou menos subiu, e com isso reenquadra os níveis iniciais que eram necessários. E assim o processo de investir deixa de contemplar uma “análise” de qual ativo mais subiu, ou qual fundo imobiliário mais pagou dividendos no último mês. Afinal, é impossível prever o futuro. Sendo assim, qualquer pessoa, seja ela profissional do mercado ou não, que disser algo nesse sentido está dizendo apenas o que você está querendo ouvir, seja por interesse próprio, seja por interesse de terceiros.
Além da praticidade em manter a sua carteira em ordem, manter a sua estratégia de alocação diminui consideravelmente os riscos da sua carteira. Isso acontece graças ao comportamento das diferentes classes de ativos quando desenhadas de forma eficiente dentro da sua carteira.
Isso mesmo. Você não deve ficar girando sua carteira incansavelmente.
Encontrar o momento ideal, seja de entrada, seja de saída do mercado é praticamente impossível.
Além de ser extremamente desgastante.
Mantendo a alocação estrutural, a Asset Allocation tenderá a trazer um resultado que diminui as quedas e possibilita uma recuperação junto com o mercado, reduzindo a amplitude dessas movimentações. Isso se dá graças aos diferentes comportamentos das classes de ativos frente às movimentações do mercado, como, por exemplo, o conhecido antagonismo entre Dólar e Bolsa Brasileira.
Dessa forma, ao longo do tempo, conforme o seu patrimônio se consolida, você pode optar por adicionar mais opções de ativos para compor o percentual determinado pela Asset Allocation sobre uma determinada classe de ativos, aumentando a sua diversificação e reduzindo, mais uma vez, o risco, ao diminuir sua exposição a um mesmo ativo ou gestora.
Por mais que isso tudo pareça contraintuitivo, esse método de alocação e manutenção de carteira foi validado por décadas e ficou conhecido como Método de Yale, um dos maiores legados de David Swensen, um dos lendários gestores de portfólio que o mercado pôde conhecer.
Lembre-se: nem sempre fazer o que todo mundo faz é o certo a se fazer.
Busque orientação de um profissional capacitado para evitar o desperdício de dinheiro e, principalmente, de tempo ao longo da sua jornada.
Sergio K. Leão é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar – Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: contato@sergiokleao.com.br