Se tivemos um primeiro trimestre incrível, com a nossa bolsa entre as que mais performaram no mundo, agora estamos passando por um momento totalmente diferente, com bolsa em queda, muitas incertezas pelo mundo, juros subindo aqui e lá fora, preocupação com os lockdowns na China, que podem levar ainda mais inflação para o mundo, guerra na Europa e até risco de recessão.
Essa semana acompanhamos o pronunciamento do FED, banco central americano, que confirmou o aumento de 50 pontos base no juros por lá, em linha com a expectativa do mercado, mas que aumenta a atratividade de investimentos mais seguros, na maior economia do mundo e faz com que o investidor, principalmente o estrangeiro, reduza suas posições em renda variável para aproveitar os rendimentos maiores dos bonds, títulos de dívida do governo americano. Essa força vendedora pressiona a nossa bolsa, que depois de fechar abril em queda de 10,1%, já acumula desvalorização de 2,54% na primeira semana de maio.
Um indicador importante que comprova essa migração é o fluxo estrangeiro. Depois de ingressar com mais de 68 bilhões de reais no primeiro trimestre do ano, o investidor estrangeiro retirou aproximadamente R$ 13,3bi da B3 entre abril e maio e impacta o câmbio também, com a moeda americana superando os 5 reais novamente (fechou a semana acumulando alta de 2,69%, cotada à R$ 5,07).
Mas não foi só nos Estados Unidos que o teve aumento de juros. Aqui no Brasil, o COPOM decidiu elevar a nossa taxa SELIC de 11,75% para 12,75% a.a. e também torna a nossa renda fixa ainda mais atrativa e aumenta o custo de capital das empresas, que tem mais dificuldade para crescer com esse cenário e o resultado disso a gente vê nas cotações das ações, que vem sofrendo bastante.
Mas se as decisões dos bancos centrais aqui e nos Estados Unidos já estavam precificadas antes dos anúncios, qual motivo desse pânico?
Os investidores temem que a inflação não seja controlada mesmo com o aperto monetário, já que os lockdowns na China, que impactam diretamente na cadeia global de suprimentos, podem causar novamente um choque de oferta e, com isso, causar mais aumento nos preços de bens e serviços.
São muitos desafios pela frente, o cenário segue muito incerto (melhor nem lembrar que tem eleições chegando, né?!), mas tomar decisões precipitadas, deixando o calor do momento e o pânico predominar, pode ser o pior negócio possível. Nunca se esqueça de que toda crise tem começo, meio e fim e vender barato para recomprar caro quando tudo estiver bem, na euforia, é uma das melhores formas de perder dinheiro.
Diversificação, saber selecionar boas empresas ou boas carteiras de ações e um stockpicking bem feito é a palavra chave para superar essa fase. Até porque, no longo prazo, o preço das ações acompanha os seus resultados, seus lucros, e não o humor dos mercados.
Além disso, é claro, não deixe de se manter perto do seu cliente, levando atualizações sobre o cenário para que tenha tranquilidade para manter o plano de voo.
Então, se estamos falando sobre manter o plano de voo, que tal se preparar para a semana que vem pela frente?
No calendário econômico, agenda relativamente fraca, bem mais leve que a semana que está encerrando:
Segunda-feira: Balança comercial Chinesa em abril, que pode já refletir os impactos dos lockdowns em Xangai e Pequim.
Terça-feira: atenção para Ata do COPOM, que deve ser publicada às 08:00am, com todos os detalhes sobre a reunião que determinou o aumento da nossa taxa básica de juros e que nos passa um guidance importante sobre a nossa política monetária;
Quarta-feira: CPI americano de abril, com a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, indicador importantíssimo que pode corroborar com a ideia do mercado, de que os últimos aumentos de juro praticados pelo FED não são suficientes para controlar a inflação ou então tranquilizar os investidores.
Além disso, também será divulgado a nossa inflação de abril, então é um dia importantíssimo para acompanhar o mercado e se manter atualizado(a);
Quinta-feira: Inflação ao produtor nos Estados Unidos em abril (PPI);
Sexta-feira: deadline para a “privatização” da Eletrobrás avançar ou não. Então se você tem clientes com grandes posições, muita atenção!
Além da agenda econômica, não podemos deixar de acompanhar tudo o que acontece em Brasília, com o pacote de bondades do governo ficando cada vez maior, de olho nas eleições, mais sansões econômicas contra a Rússia, inclusive a possibilidade de embargo na importação do petróleo russo (mais inflação!) e também os lockdowns na China.
Para finalizar, não podemos esquecer que estamos na temporada de resultados das nossas empresas listadas e separo para você alguns destaques desta semana:
Segunda-feira: Banco Itáu, BTG, BB Seguridade, Assaí, CBA, Azul, Banco ABC e Méliuz;
Terça-feira: Vivo Telefônica, Alupar e Vivara;
Quarta-feira: JBS, Banco do Brasil, SLC Agrícola, Braskem, SulAmérica, Minerva, Marisa e banco Pine;
Quinta-feira: Rede D’or, B3, CCR, Americanas SA, MRV, Locaweb, JHSF, banco BMG, EZTec e WIZ;
Sexta-feira: Cosan, Raízen, CEMIG e Cyrela.
Desejo a você uma excelente semana e excelentes negócios!