A profissão de agentes autônomos cresce exponencialmente na esteira da popularização dos investimentos e do aumento da educação financeira entre os brasileiros. Ainda que as aplicações na poupança somem cerca de R$ 810 milhões, o verbo investir passou a ser mais conjugado.
A CRC! News buscou entender os profissionais de outras áreas atraídos pela profissão de AAIs. Além dos conhecidos experientes do mercado financeiro, publicitários, advogados, engenheiros e especialistas de tecnologia da informação (T.I.) também figuram entre os profissionais desse mercado.
Para garantir a diversidade de talentos, as plataformas investem em programas de trainne, já que a demanda nacional crescente pelos investimentos, também cresce a procura por profissionais que possam atender ao público.
“O Brasil ainda está engatinhando quando o assunto é investimentos. E se compararmos o nosso País com mercados mais consolidados, como o americano, por exemplo, temos somente 10 % desse segmento explorado. Ou seja, temos muito a crescer ainda”, pontuou a Head Operacional na Nova Capital, Morgana Weber.
O Head B2B da CM Capital, Vitor Arruda, destacou a necessidade do profissional ter um perfil mais comercial e reiterou a carência de profissionais no mercado. “Faltam profissionais qualificados e acredito que seja nessa linha que as corretoras estão seguindo, formando novos agentes autônomos que vêm de vários lugares e perfis, que varia de pessoal de humanas a de exatas”.
Assessora de investimentos na Miura Investimentos há dois anos, Aline dos Santos Augusto, ex-bancária, ressaltou a importância do lado comercial. “Começar a carteira do zero é desafiador e a abordagem é diferente, pois você, literalmente, se vende e precisa mostrar ao cliente o valor de sua assessoria, que, na verdade, é um relacionamento muito próximo”, disse. “A pessoa começa como assessor de investimentos de um cliente e a aproximação do relacionamento lhe torna assessor de toda a família e de amigos desse cliente”, declarou.
Habilidades
Para se tornar assessor de investimentos, não é necessária uma formação acadêmica, mas sim a certificação da prova da Ancord. No entanto, para o sócio fundador da AMG, Marcus Vinícius, todos devem apresentar muita habilidade com o mundo financeiro, uma característica fundamental para se manter na profissão.
Na visão da Diretora de Engajamento e Performance da Valor Investimentos, Tereza Cristina Diniz, o perfil desses profissionais é bem diverso e a formação e preparo deles para atuar no mercado é fundamental.
“Nós temos o programa de trainee que é uma excelente oportunidade de carreira, conseguimos ajudar esses profissionais a montarem suas carteiras de clientes e análises estratégicas para dar os primeiros passos no mercado”.
Programas de treinamentos
Engenheiro Químico por formação, Marcus Araujo, hoje gestor da Valor Investimentos, chegou à empresa pelo programa de trainee. “Eu inicie esse processo no início de 2016. De forma geral, os engenheiros são bem recebidos no mercado financeiro e resolvi encarar esse desafio por já ter a ambição de trabalhar em consultoria”.
Entre os maiores desafios da profissão, Araujo disse que “o primeiro foi ir bem no programa de trainee para ser contratado, depois ser um bom assessor comercial e prospectar bons clientes”, informou.
A Nobel Capital também investe em programas de treinamento para reter os talentos. “Aqui na Nobel temos o programa de imersão, são de duas a três semanas de treinamento em que trabalhamos habilidades comerciais, alocação, habilidades operacionais. Depois desse treinamento o assessor passa cerca de cinco seções individuais de business coach, que ajuda a programar a cabeça dele para esse mundo empreendedor”, explicou o CEO da Nobel Capital, Vítor Baqueiro.
Espírito empreendedor
Outro ponto destacado é o espírito empreendedor, o agente autônomo é o dono do próprio negócio e precisa fazer a roda girar. “Se a pessoa não tem cabeça empreendedora, não é tão pró-cliente, não tem intensidade, não tem energia”, pontuou Baqueiro.
Antes advogada e administradora de formação, Iara Melo, assessora de investimentos da B.Side, ressaltou a importância de continuar estudando e se manter antenada no mercado. “Além da certificações obrigatórias (Ancord), estou estudando para tirar a certificação CFP, bastante valorizada no setor de private banking. Além disso, procuro me manter informada sobre os principais assuntos macroeconômicos do Brasil e do mundo”.
Para o ex-supervisor comercial e hoje assessor de investimentos da Valor Investimentos, Luiz Felipe Gava, mudar de carreira veio junto com diversos fatores, o principal a falta de prospecção de futuro no antigo emprego. “O mercado financeiro é algo que eu sempre gostei e existe uma tendência muito grande de crescimento. É uma oportunidade de começar uma nova carreira com possibilidade de maiores ganhos, afinidade com a área e com a parte comercial”.
Apesar do crescimento acelerado de profissionais, é difícil encontrar desistências no setor. “Eu consigo contar nos dedos quantos desligamentos eu tive, um foi de uma pessoa muito jovem, que foi uma contratação errada; e os outros dois eram de pessoas por volta dos 45 anos que não conseguiam entregar, mas que vieram de áreas próximas, mas não tinham o apetite de crescer igual a um profissional mais jovem”, explicou o CEO da Capitólio Investimentos, Fernando Todorovic.