O que deu certo em termos de alocação ao longo de 2022? Quais as melhores estratégias para o próximo ano? Para responder essas e outras questões, a CRC!News conversou com representantes de dois escritórios de investimento, que fizeram análises e projeções sobre o mercado de assessorias.
Eliel Lins, sócio fundador da Mundo Investimentos, escritório vinculado à Guide
De modo geral, quais alocações se mostraram mais bem sucedidas este ano?
Em um ano marcado por incertezas e volatilidade, tanto no mercado doméstico quanto no mercado internacional, os investimentos atrelados ao CDI foram os que se mostraram mais bem sucedidos.
Quais as expectativas para o mercado no Brasil em 2023?
O mercado para 2023 seguirá atento ao plano econômico e o arcabouço fiscal do país, aguardando a tramitação da PEC de transição no congresso nacional e a nomeação da equipe econômica pelo presidente eleito Lula. Enquanto isso, o Copom monitora o comportamento da inflação que volta a pressionar, em seu comunicado da última semana, o órgão sinalizou a preocupação com o risco fiscal e inflacionário, mantendo a Selic em 13,75% ao ano. Há expectativa quanto manter a taxa neste patamar por um tempo maior ou ainda a necessidade de retomar o movimento de alta dependendo da balança de riscos. Isso deverá manter a economia brasileira pressionada em termos de crescimento.
Em termos de estratégia de investimento, qual deve ser a grande mudança trazida pelo cenário projetado para o próximo ano?
Acredito que a renda fixa tende a continuar se beneficiando. Os juros estão elevados para o CDI e as incertezas fiscais, políticas, econômicas e internacionais estão abrindo as curvas futuras de juros e gerando bons prêmios na ponta pré fixada.
Paulo Gonçalves, CEO da Wide Investimentos, escritório vinculado ao Modal Premium
De modo geral, quais alocações se mostraram mais bem sucedidas este ano?
Na Wide vimos vieses principais. A renda fixa foi super bem sucedida por conta dos juros altos. Fizemos muita alocação e crédito privado e debêntures, e até mesmo em CDBs. Já na parte de bolsa, o que acabou trazendo melhores resultados foram estratégias mais defensivas, com o capital protegido via derivativos.
Quais as expectativas para o mercado no Brasil em 2023?
Todo o mercado está tentando descobrir se vai sair a nova regra ou não. Caso seja editada, vai dar uma movimentação interessante. A entrada de sócios investidores traz novas formas de crescermos e abre muitas outras frentes. Esperamos também algum movimento de migração dos bancos para os escritórios, mas algo mais modesto do que era antes.
Em termos de estratégia de investimento, qual deve ser a grande mudança trazida pelo cenário projetado para o próximo ano?
Na parte de bolsa, continuaremos com essa mesma lógica de ter um pé atrás. Cerca de 80% a 90% do que fazemos com os clientes em renda variável tem alguma proteção via derivativo. Além disso, muitos dos nossos clientes já abriram conta no exterior, mas ainda não tiraram a maior parte do capital do Brasil. Só que eles estão com o dedo no gatilho, e a saída pode se concretizar caso as medidas do novo governo assustem. Tudo vai depender de como começar o mandato. Apesar de as pessoas estarem assustadas com as primeiras falas, ainda acredito que o Congresso pode funcionar como um freio. Além disso, a taxa de juros local está atrativa, melhor do que lá fora.
Texto publicado na edição 64 da revista CRC!News, acesse e leia os principais destaques do setor.
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