Todo o ecossistema da assessoria de investimentos vive em compasso de espera pelo anúncio da nova resolução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que irá alterar alguns marcos do setor.
A audiência pública do órgão regulador foi realizada em agosto do ano passado e não há ainda uma previsão de quando as novas regras vão ser anunciadas. A expectativa, porém, é que elas sejam comunicadas até o final deste ano.
Para o superintendente da Associação Brasileira de Agentes Autônomos de Investimentos (ABAAI), Chico Amarante, a demora pelo anúncio é compreensível tendo em vista que a dinâmica dentro do setor público é diferente em relação ao setor privado.
“Eu tenho um amigo, assessor de investimentos, que quase todo dia me pergunta quando vai sair… quando pegamos o nosso caso específico e vemos a situação do órgão regulador começamos a entender que de fato não é má vontade ou desinteresse. Na verdade, são muitas pautas regulatórias que estão na mesa… lembrando sempre que a CVM têm hoje um quadro profissional reduzido”, destacou Amarante em live realizada pela CRC!News e o Mercado In Foco.
O bate papo ocorreu na noite dessa quarta-feira pelo Instagram e foi a terceira conversa de aquecimento para o All Together. O evento vai reunir na próxima quinta e sexta-feira, em São Paulo, representantes da XP Investimentos, BTG, Guide, Modal e Necton, entre outros.
AI 4.0
Na conversa, Amarante pontuou que a nova resolução da CVM vai muito além das questões que envolvem o fim da exclusividade e a possibilidade da entrada do sócio investidor no setor.
“Há um detalhe muito importante no artigo terceiro da minuta da nova resolução que diz que o profissional poderá recomendar ativos, na casa a qual é vinculado”, destacou.
O artigo mencionado por “Chico” é o que define qual é a abrangência da atividade dos AIs. O parágrafo único do artigo terceiro da minuta diz que a prestação de informações aos investidores inclui “as atividades de suporte, orientação e recomendações de investimento inerentes à relação comercial com os clientes”.
O texto da CVM estabelece, contudo, que o assessor de investimentos deixe claro o seu vínculo com o intermediário a que está vinculado. Além disso, as recomendações devem ser compatíveis ao perfil do cliente.
No entendimento do dirigente da ABAAI, em se mantendo o texto da minuta, o setor poderá caminhar para uma unificação dos papéis do assessor de investimentos e do planejador financeiro.
“Esse é um pequeno detalhe muito importante, que faz muita diferença. Porque, até então, o assessor legalmente constava como um tirador de pedido, muito embora, na prática, ele usasse a carteira recomendada da corretora, na qual está vinculado para sugerir alocações aos clientes. Agora oficialmente, o assessor vai poder fazer esse tipo de recomendação. Esse é um passo importante para que amanhã, quem sabe, ele vire um gestor patrimonial… Esse é um detalhe muito importante que pode ser o pontapé inicial para o surgimento do assessor de investimentos 4.0”, ressaltou Chico.
Atualmente, o assessor de investimentos, entre outras atividades, é responsável por fazer o intermédio do contato entre cliente e instituição. Por sua vez, o planejador financeiro cria estratégias para administrar e até fortalecer o seu patrimônio. As certificações necessárias para cada uma das atividades são distintas. Enquanto o AI precisa ter o certificado da Ancord, o planejador precisa de um CFP.
“O que vai diferenciar na prática. Primeiro, vai oficializar que o assessor vai poder recomendar de quem ele estiver vinculado, seja em uma ou mais plataformas. Ele não será configurado como um consultor porque o consultor tem uma visão 360 graus do cliente… mas já é um passo à frente para uma conversa futura para os próximos três, quatro, cinco anos para uma integração de atividades”, considerou Chico.
Ele lembrou ainda que, atualmente, dos cerca de 20 mil assessores de investimentos, um quinto já conta com o CFP.
“Mais de 4 mil dos assessores de investimentos devem ter CFP. Já são planejadores financeiros. A princípio não podem atuar como planejadores, mas já têm a habilitação, já têm o conhecimento… Acredito que lá na frente, haverá um espaço de evolução na atividade… na área de investimentos, porque hoje o que diferencia é a certificação e a regulamentação de um e outro, mas todos têm o mesmo público alvo, o mesmo drive da educação financeira e do relacionamento”, reforçou.
Semente
Ao término da live, o dirigente destacou a importância da realização do All Together para o setor
“O All Together tem tudo para ser a semente do maior projeto independente para tratar do tema assessor de investimentos”, concluiu.
As lives de aquecimento para o evento acontecem durante toda semana nos perfis de CRC!News (@crc.news) e de Roberta (@robertasantoromercado). O All Together acontece nos dias 21 e 22 de julho em São Paulo e será transmitido ao vivo pela internet, para mais informações acesse www.eventoalltogether.com.br.