“O Brasil passa por uma turbulência econômica exatamente pelo aumento de inflação e pela instabilidade política, o que faz com que os investidores sejam afugentados”, observa o analista da Avenue Securities, Guilherme Zanin
As incertezas do mercado financeiro em decorrência do agravamento do cenário fiscal, principalmente, pedem cautela nos investimentos. Especialistas dos principais players do mercado ouvidos pela CRC! News recomendam a diversificação da carteira de ativos e mais conservadorismo como uma das principais estratégicas para proteger capital das oscilações de um mercado já contaminado pela crise e das incertezas do cenário político diante da proximidade do ano eleitoral.
Na observação dos especialistas, existe um ritmo de migração de investidores de renda variável para aplicações de renda fixa, entre elas o Tesouro Direto, em decorrência da trajetória de alta da taxa Selic, o juro básico da economia, que iniciou o ano na mínima histórica de 2% ao ano. Hoje a taxa encontra-se em 7,75%.
Outra corrida é para aplicações no exterior pelos investidores com patrimônio elevado. A leitura é de que o Banco Central deverá elevar o ritmo de alta da Selic na tentativa de conter a inflação.
A expectativa da maioria dos especialistas do mercado é de Selic em dois dígitos em 2022, uma vez que a inflação segue fora do controle acima 9% este ano, ultrapassando o centro da meta estipulado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é de 3,75%. Pelo sistema, entre 2,25% até 5,25% é considerado dentro da meta.
Diante da piora do cenário, o Ibovespa acumula perda de 11% no ano, enquanto os índices no mercado internacional sobem 15%, conforme observa o analista da Avenue Securities, Guilherme Zanin. “Mercados emergentes, como Índia e Rússia, também estão nas máximas históricas”, destaca, observando que o país navega na contramão. “O Brasil passa por uma turbulência econômica exatamente pelo aumento de inflação e pela instabilidade política, o que faz com que que os investidores sejam afugentados”, destaca Zanin.
Segundo ele, grandes investidores estão voltando para renda fixa, com taxas mais rentáveis e mais segurança. “Está voltando o rentismo no mercado financeiro, quando o investidor conseguia uma rentabilidade acima do 1% ao mês. No ano passado se falava em rentabilidade de 2% ao ano, agora se fala de 1% ao mês, exatamente porque o Tesouro Nacional está tendo de pagar prêmios maiores em razão desse risco interno”, acrescenta.
Confira a íntegra na revista CRC!News desta semana.