Com o avanço no Congresso do projeto de lei 4401/2021, que visa estabelecer um marco regulatório para o setor de criptoativos no Brasil, o “mercado AI” já começa a se movimentar em torno da perspectiva de ganhar regras mais claras sobre o tema.
Um exemplo disso está na recém anunciada joint venture entre EQI e Mercado Bitcoin, que permitirá aos clientes que integram a carteira de uma plataforma acessar os ativos oferecidos pela outra. Mais do que isso, com a regulação iminente do setor, as empresas planejam lançamentos conjuntos, incluindo a tokenização de produtos tradicionais, como precatórios, o que deve torná-los mais baratos e atrativos para o investidor.
“Existem vários produtos do mercado tradicional que ficam caros demais quando se contabiliza taxa de administração e outros custos. Ao tokenizar um fundo que opera precatórios, por exemplo, tornamos ele mais barato e geramos ganho de rentabilidade. Com essa joint venture, ganhamos a possibilidade de juntar contratos de forma muito mais econômica do que é feito hoje no balcão”, revela à CRC!News Juliano Custódio, CEO da EQI.
Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin. concorda que as possibilidades são grandes, mas ressalta que os avanços dependem da regulação do setor. “Nossos times já estão tendo conversas para poder trazer novidades nesse sentido, mas para isso é necessário mudança na regulação. A normatização, quando bem feita, passa longe de significar restrição e garante liberdade com responsabilidade, trazendo segurança para empreendedores e proteção para consumidores”, ressalta.
Para ele, a joint venture permite adicionar opções de produtos em relação à oferta da empresa, ajudando o cliente na estratégia de diversificação dos investimentos. “Nossa ideia é ampliar a base de clientes com um ticket médio alto que estão à procura de novas formas de retorno, com liquidez e segurança. A gente sabe que quanto mais mostrarmos que nosso setor funciona sobre bases sólidas e com regras que garantem a segurança do investimento, mais ele vai se tornar conhecido e atrativo”, explica Rabelo.
Segundo Custódio, existem dois ângulos muito interessantes da sociedade para a EQI. O primeiro deles é contar com a estrutura da maior corretora de criptoativos do Brasil. E o segundo é a possibilidade de oferecer produtos tradicionais para o investidor que integra a carteira do Mercado Bitcoin.
“Optamos pela joint venture justamente para passar maior segurança aos clientes de ambos os lados. Não somos parceiros, somos sócios. Se é para o meu cliente investir em criptoativos, será com a melhor plataforma nacional. E o contrário também vale. Mesmo o investidor agressivo dificilmente coloca mais de 20% do seu patrimônio neste tipo de ativo. Então temos um potencial muito grande para oferecer produtos tradicionais onde ele pode aportar esses outros 80% ou 90% do seu capital”, afirma.
O crescimento da demanda por criptoativos e o fato de a EQI estar nos últimos passos para se tornar uma corretora de valores com apoio do BTG Pactual também foram fatores determinantes para a concretização do negócio. “Sem dúvidas, a criação da corretora foi um fator a mais na hora das conversas para a formalização da parceria, porque isso expande possíveis pontos de sinergia”, afirma Rabelo.
“Cada vez mais o cripto deixa de ser algo exótico para entrar no cotidiano das pessoas. Há uma assimetria muito grande de se ter 1 ou 2% do patrimônio alocado no setor. Dentro de alguns anos, isso pode perder metade do valor, ou se transformar em 10% da carteira. O investidor tem pouco a perder e muito a ganhar, então já estava na hora de contarmos com essa opção no portfólio”, completa Custódio.
Integração
Com o acordo prestes a ser finalizado, o que deve ocorrer em cerca de 10 dias, as empresas já planejam uma fase inicial de integração, com a EQI oferecendo um white label da sua estrutura na plataforma do Mercado Bitcoin e vice-versa. Porém, a ideia é fazer uma união total dos sistemas o quanto antes.
“A criação de novas estruturas sempre leva tempo. Mas a ideia é termos a integração total dentro dos nossos aplicativos em um prazo de 9 a 12 meses. Estamos bem felizes, pois acreditamos que a joint venture garante os próximos dois anos de expectativa de crescimento da EQI, dada a quantidade de lides e o potencial desse mercado”, encerra.
Leia todos os destaques do setor na revista CRC!News, texto publicado na edição 35.