Até os 16 anos, Aline Lopes vivia no pequeno município rural de Aurora (SC), de pouco mais 5 mil habitantes, plantava cebola, cenoura e frutas com os pais e sequer sabia o que era investimento ou mercado financeiro. Passada pouco mais de uma década, a jovem brilhou sob os holofotes do palco da Expert XP na última quinta (4), em São Paulo. Com apenas 27 anos, Aline Lopes foi a grande vencedora do Top 20 sendo eleita a melhor assessora da XP 2022. Apesar da surpresa, ela revela que o resultado é consequência de todo o trabalho duro realizado durante os últimos anos.
Sua trajetória começou a mudar quando resolveu sair da plantação dos pais para estudar e trabalhar na cidade. Em um primeiro momento, decidiu se graduar em Educação Física, mas no meio do processo descobriu um problema cardíaco que a fez mudar os planos. Foi assim que ela começou a fazer um cursinho do Banco do Brasil e outro na Caixa Econômica Federal, onde se apaixonou pelo mercado financeiro.
Após obter a certificação do CPA-20 sem qualquer formação específica na área, passou a entregar currículos em banco até se deparar com uma vaga de gerente de Pessoa Física. Em tese, o posto era destinado a alguém com uma sólida carreira na área, tendo passado por funções como escriturário, caixa, assistente e atendente. No entanto, seu perfil chamou tanta atenção que ela pulou todas as etapas e conseguiu seu primeiro emprego no segmento.
Hoje, a assessora detém 30% da custódia total da Nippur Finance, que administra R$4,7 bilhões em recursos com foco no segmento private. Em entrevista exclusiva para a CRC!News durante a Expert XP, Aline revela os detalhes que a levaram a se tornar a primeira colocada do Top 20 da 11ª edição do Brazil Advisor Award. Leia o bate-papo na íntegra.
Como foi o seu início no mercado financeiro?
Comecei, depois de participar de um cursinho do BB e da Caixa fazendo a prova CPA-20. Para ser sincera, nem sei como passei, porque eu não entendia nada do mercado na época. Depois, entreguei currículo nos bancos até me deparar com uma vaga de gerente de Pessoa Física no Bradesco. Quando fui chamada para conversar com o coordenador, ele disse que nenhum dos candidatos com os melhores diplomas para serem contratados apresentavam o que ele queria para o cargo, mas eu tinha esse ingrediente: muita vontade de fazer dar certo. Então, dei meu couro por aquele trabalho.
Entrei para a faculdade de Ciências Contábeis e, quando estava no final da graduação, fui para a Unicred como gerente de Pessoa Jurídica. Pouco mais de um ano depois, resolvi aceitar o desafio do empreendedorismo e migrei para a assessoria de investimentos, onde tenho dado duro todos os dias. Esse resultado de hoje foi plantado lá atrás.
Qual o segredo para estar em primeiro lugar no Top 20?
Muita persistência, muito trabalho. A Nippur está na cidade de Rio do Sul, em Santa Catarina, e lá temos um escritório pequeno. No início eu pegava o carro, andava na cidade, olhava as empresas e ligava uma por uma. Ainda hoje faço o operacional, mas estamos buscando alguém que me ajude. Sou eu quem abro a conta, faço aplicação, explico, Não tem segredo, é se esforçar muito. Eu não tinha muita escolha, precisava fazer dar certo.
Outra coisa é não “pessoalizar”. Não é porque aquela pessoa não quis falar com você naquele momento que ela está dizendo um “não’’. Ela nem te conhece. Então, é sangue nos olhos e tentar de novo. Sou movida a desafios e parece que quanto mais difícil o cliente for, mais gostoso é na hora que você consegue captar.
Qual a sensação de estar entre os melhores assessores da XP no país?
É incrível! Ainda mais batendo escritórios gigantescos e profissionais de São Paulo e Rio de Janeiro. Para nós que estamos no interior, no Sul, era muito improvável. Ficamos muito felizes com esse reconhecimento.
Sendo mulher e jovem nesse meio, qual a dica para que outras cheguem ao primeiro lugar?
O principal é postura, profissionalismo e não se vitimizar. Não é porque sou mulher, homem, baixinho, negro, magro… temos que quebrar os paradigmas mostrando que o profissionalismo é o que está acima, sem colocar a culpa em questões externas. O ano que mais captei foi justamente durante uma pandemia. Enquanto todo mundo estava achando que o mundo ia acabar, arregacei as mangas. Não adianta colocar a culpa no dólar, no mercado, no colega porque não deu certo. Você precisa achar outros caminhos. Não deu certo, vai para próximo.
Para as mulheres, a dica é: achem o seu lugar e se empoderem. Não é porque esse mercado tem muitos homens que não tem espaço. De novo, é o seu profissionalismo que vai contar no fim do dia. O lugar da mulher é onde ela quiser estar.
Quando eu recebi a oportunidade de entrar com 18 anos em uma vaga totalmente improvável, eu quebrei os paradigmas. Era nova, mulher, e estava claro que não iria ser contratada. Foi pela minha vontade de querer mostrar o meu trabalho que fui aceita. Esse momento foi a virada de chave para acreditar que tudo é possível, só depende da gente.
Texto publicado na edição 46 da revista CRC!News. Acesse e leia as principais notícias do mercado de assessoria de investimentos.