Em meio ao agravamento da crise econômica, a Mauá Capital, gestora de fundos de investimentos com 17 anos de história, captou recentemente R$ 240 milhões para o fundo imobiliário MCHF11, segundo os gestores da empresa. Essa foi a segunda emissão do fundo que captou R$ 330 milhões até agora, desde que foi criado, em meados de 2021.
Na prática, esse é um modelo de fundo imobiliário com uma carteira híbrida que “navega” por diversos tipos de ativos e que dão liberdade para o gestor tomar decisões de acordo com as oscilações do mercado.
“Enquanto tem muita coisa desse mercado que está parada do ponto de vista de novas captações, esse tipo de veículo tem trazido bastante demanda e atração dos investidores. Acredito que esses fundos serão precursores de uma indústria que está se modernizando, tornando-se mais flexível e menos engessada”, acrescenta.
Performance
O MCHF11, por exemplo, pagou dividendos de 15% em 2021, batendo o dividendo do Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (IFIX).
Segundo ele, esse resultado se deve ao fato de que cerca de 80% da carteira de ativos do fundo estava alocada em ativos de crédito. O fundo carrega principalmente os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) com operações de R$ 20 milhões, no mínimo.
“Um dono de um prédio, por exemplo, precisa levantar recursos e emite um crédito (CRI) dando o prédio como garantia. Nesse caso, tem de pagar o financiamento para que não perca o imóvel, é como se fosse o financiamento de um banco”, exemplifica Bagnariolli.
Ou seja, nesse caso, em vez de carregar o imóvel diretamente, o fundo carrega o financiamento imobiliário (CRI). “Com a inflação e juros elevados e com a economia crescendo menos, fomos para instrumentos que protegem os ativos neste momento. Isso só foi possível dada a flexibilidade que possui o fundo”, destaca.
Além de crédito, o fundo também pode investir nas chamadas operações estruturadas, que envolvem outras estruturas financeiras. Em momentos de mercado mais favoráveis, por exemplo, é possível diminuir a exposição em CRIs e acrescentar mais destes tipos de ativos ao portfólio, conforme Bagnariolli.
“Podemos adaptar a carteira de ativos conforme as nossas leituras sobre as oscilações dos mercados”, acrescenta.
Efeitos da pandemia versus crise econômica
Para o gestor da Mauá Capital, os fundos imobiliários vêm se reinventando desde o início da pandemia, decretada pela OMS em março de 2020, que derrubou a economia mundial. “Os fundos vem criando novas estratégias. A indústria 3.0 é o que está captando mais recursos. A diferença desse fundo é que ele dá flexibilidade para o gestor operar a carteira. O gestor é livre para navegar por diferentes tipos de ativos setores imobiliários”, disse.
Segundo Bagnariolli, antes havia a percepção de que o investidor gostava de saber onde o dinheiro dele era aplicado, para saber dos riscos. Agora o investidor está delegando mais para o gestor que considera de confiança escolher as melhores opções de ativos, o melhor momento para comprar ou vender, diante das fortes oscilações da economia, como inflação, juros, pandemia etc.
Leia a matéria completa na revista desta semana.