Na última quinta-feira (10), o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos anunciou que a inflação do país avançou 0,4% em outubro. Apesar da leve alta, o acumulado dos últimos 12 meses vem diminuindo, e chegou a 7,7% depois de atingir um pico de 9,1% em junho. A CRC!News conversou com assessores para saber o que podemos esperar da evolução destes números nos próximos meses, e quais devem ser os impactos da inflação e taxa de juros dos EUA aqui no Brasil. Confira.
Paulo Sérgio Saad, sócio-fundador e diretor comercial da WFLOW Investimentos, escritório vinculado à XP
Os EUA registraram alta de 0,4% na inflação de outubro, mas o acumulado dos últimos 12 meses caiu para 7,7%. Como o mercado recebe esses dados?
O mercado como um todo recebe muito bem este dado. Apesar de 0,4% de alta, a média caiu para 7,7% após ter superado os 9% alguns meses atrás. Vivemos um momento um pouco fora da curva com essa disparada dos preços nos Estados Unidos, e o Fed está precisando ser rigoroso com a elevação dos juros para combater esse movimento, o que leva as pessoas a deixar um pouco de lado a renda variável.
Nas suas últimas reuniões, o Fed vem elevando a taxa de juros a 0,75 ponto percentual. Como esse novo dado da inflação deve se refletir nos próximos ajustes da taxa?
Todas as vezes em que a autoridade norte-americana subiu 0,75 o mercado reagiu mal. Ainda está muito alta a inflação, e isso sinaliza que a taxa deve subir ainda mais nos próximos meses. Outro ponto importante é que a taxa de desemprego está reagindo devagar a este movimento. Com pleno emprego, não tem como a inflação diminuir, pois as pessoas estão com dinheiro e vão continuar comprando. Os Estados Unidos tem uma cultura muito consumista, o que dificulta a missão.
Quais as perspectivas para os juros dos EUA em 2023 e como isso deve afetar o Brasil?
A atratividade do Brasil não depende da taxa de juros dos EUA. Mesmo com o nosso cenário político sendo redesenhando, temos empresas muito descontadas, e se o câmbio também estiver favorável o estrangeiro vai trazer dinheiro. Nos últimos 10 ou 15 anos, a bolsa norte-americana bateu recordes, e agora, com a elevação dos juros, muitas pessoas estão aproveitando para realizar e olhando outros mercados.
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Os EUA registraram alta de 0,4% na inflação de outubro, mas o acumulado dos últimos 12 meses caiu para 7,7%. Como o mercado recebe esses dados?
Apesar de uma alta menor que o mercado esperava (em torno de 8% nos últimos 12 meses), a situação da inflação nos EUA ainda está longe da normalidade para a maior economia do mundo. De qualquer forma foi um sinal positivo o resultado de outubro.
Nas suas últimas reuniões, o Fed vem elevando a taxa de juros a 0,75 ponto percentual. Como esse novo dado da inflação deve se refletir nos próximos ajustes da taxa?
Ainda esperamos um ambiente bem desafiador para o Fed conseguir trazer a inflação para o centro da meta (2%), o que parece uma missão muito difícil, crescendo a possibilidade de uma recessão nos EUA. Mas esse dado de outubro abre a possibilidade do Fed reduzir a velocidade das próximas altas de juros e aliviar a pressão de venda nas bolsas.
Quais as perspectivas para os juros dos EUA em 2023 e como isso deve afetar o Brasil?
Para 2023 acreditamos que a taxa de juros dos EUA deve ficar em torno de 4,5% a 5%. Apesar do Brasil ainda ser uma alternativa interessante com a taxa de juros a 13,75% aa, esse cenário pode afetar os investimentos no Brasil de alguma forma, pois as pessoas tendem e sair de países emergentes e alocar os recursos na maior economia do mundo com menos risco.
Texto publicado na edição 60 da revista CRC!News, acesse e leia os principais destaques do setor.