Após o resultado do primeiro turno das eleições, a última semana teve início com forte alta da bolsa e valorização do real frente ao dólar. A CRC!News foi a campo para detalhar as razões por trás desse movimento, projetar o que devemos esperar até o segundo turno e entender se esse é ou não um bom momento para entrar no mercado de capitais por conta da alta volatilidade. Confira.
Ricardo Ueda, sócio-fundador da Settima Investimentos, vinculado à XP
A que se deve a reação positiva da bolsa e do real ao resultado do primeiro turno?
O resultado da eleição foi um pouco diferente do que as pesquisas estavam indicando. Não tanto em relação ao presidente, mas principalmente no que diz respeito às bancadas da Câmara e do Senado. Foram eleitos muitos candidatos que tendem a dar um melhor aceno para o mercado de capitais, e isso não estava sendo esperado.
Esse bom momento da bolsa e da moeda deve se sustentar até o segundo turno?
É difícil cravar, pois a bolsa é influenciada por vários outros fatores além do eleitoral. Esse período gera uma certa volatilidade, mas ainda temos vetores externos importantes rondando. Então se as pesquisas não indicarem grandes mudanças, a tendência é o mercado se voltar cada vez mais para essas questões globais, como inflação e problemas geopolíticos. A bolsa subiu bastante e de forma rápida. Acho que o preço do que foi a eleição já está colocado.
E qual a recomendação para este momento? É uma boa entrar na bolsa agora?
O assessor precisa extrair muito bem o perfil de investimento. Se o cliente nunca operou na bolsa, não sei se é a melhor hora para entrar. Falta tão pouco tempo para o segundo turno, se ele puder esperar seria o mais prudente. Já quem é mais experiente deve analisar bem e tomar alguns cuidados, priorizando operações estruturadas que protejam o capital, pois tende a ser um período de volatilidade.
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A que se deve a reação positiva da bolsa e do real ao resultado do primeiro turno?
Esse movimento positivo se deu muito por conta da imprevisibilidade que vivemos no último mês. O mercado precifica pelo que pode acontecer. Com o Senado e o Congresso definidos, fica mais fácil antecipar o que teremos no ano que vem, independentemente do presidente eleito. Isso gera maior segurança para os investidores entrarem no mercado. Tivemos queda de 10% em setembro e houve uma recuperação na última semana.
Esse bom momento da bolsa e da moeda deve se sustentar até o segundo turno?
Até 30 de outubro devemos ter uma volatilidade bem maior do que a média. Ainda há chance de uma reversão de cenário, e o mercado se torna muito especulativo tentando adivinhar quem deve vencer para entrar nas empresas que podem ser beneficiadas com um presidente ou com o outro.
E qual a recomendação para este momento? É uma boa entrar na bolsa agora?
Para quem pensa em entrar buscando essa especulação, temos dado preferência a operações estruturadas com 100% ou 95% de proteção. Assim, se houver volatilidade, a pessoa está protegida e participa do ganho caso o mercado suba. Não acho que seja um bom momento para comprar ações a seco. Ou a pessoa desanima com as perdas, ou se anima com os ganhos e acha que sempre será igual.
Texto publicado na edição 55 da revista CRC!News, acesse e leia a edição completa.