Na reunião do Copom (Cômite de Política Monetária) encerrada ontem (01/02), o Banco Central decidiu por manter a taxa básica da economia (Selic) em 13,75% ao ano.
A manutenção da Selic pela quarta reunião seguida do Copom era esperada pelo mercado. Assim, a taxa continua no maior nível desde dezembro de 2016, quando estava em 13,75%.
O Brasil ostenta, ainda, a maior taxa real (descontada a inflação) de juros do mundo, com 7,38% ao ano, segundo ranking da Infinity Asset Management.
Joao Guilherme Penteado, CIO da Apollo Investimetos, conversou com a CRC!News e destacou que era uma unanimidade a expectativa por manutenção da taxa.
“Acreditamos que os juros vão se manter mais alto por mais tempo devido à persistência da inflação acima da meta”, considerou.
Segundo ele, o aumento dos gastos do governo traz novos riscos ao balanço da economia.
“Uma piora da situação fiscal do país pode exigir novos aumentos de juros mesmo diante do fato da taxa atual ser bastante contracionista em termos de impacto no crescimento do PIB. Além disso existem os projetos de reforma tributária que claramente possuem um tom de aumento de arrecadação e também não sabemos qual será o impacto disso na curva longa do IPCA”, Ressaltou Penteado.
Sobre as projeções para a Selic em 2023 e 2024, o CIO disse que acredita na manutenção da Selic atual até o início de agosto.
“Há muitas indefinições momentâneas e o cenário externo apesar de estar demonstrando um viés mais positivo, ainda possui riscos relevantes como a escalada da guerra na Ucrânia e o impacto dessa situação no preço das commodities”, afirmou.
Ele não descarta que haverá uma pressão por juros menores ou criação de linhas de crédito com juros subsidiados para estimular o consumo por parte do atual governo.
“Assim, uma SELIC em aproximadamente 12,50% para o final desse ano e 11,0% para o ano que vem parecem ser suficientes, mas apenas se não houverem sustos inflacionários ao longo do caminho. Caso a inflação se mantenha mais alta do que aponta o boletim FOCUS (o que é bastante provável), não acreditamos numa redução relevante da Selic ao longo de 2024”, concluiu.
Texto atualizado 02/02/2023 às 13h04
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