Por Paula Zogbi, especialista em investimentos da Rico.
- O Ibovespa voltou do feriado com a volatilidade nas alturas, de olho na incerteza sobre a votação da PEC dos precatórios ainda hoje.
- Embora o índice tenha respondido positivamente ao posicionamento do Federal Reserve (Banco Central dos EUA) sobre o início da redução dos estímulos à economia, o desempenho foi prejudicado pela forte queda das ações da Vale em resposta ao minério de ferro, que despenca na China, e da Petrobras, que também responde a uma queda forte do petróleo após o anúncio de estoques maiores que o esperado nos EUA.
- Conforme esperado, o Federal Reserve anunciou hoje o processo de retirada dos estímulos à economia (tapering). O ritmo será de redução de US$ 15 bilhões em compras de títulos ao mês, com início no final de novembro – devendo, portanto, ser finalizado no meio do ano que vem. A taxa de juros foi mantida próxima de zero e o discurso do Fed continua indicando redução gradual dos estímulos vigentes.
- Ainda sobre política monetária, o Banco Central por aqui divulgou nesta manhã a ata da última reunião do seu Comitê de Política Monetária (Copom), reforçando a necessidade de elevação da taxa Selic e indicando que o ritmo pode acelerar, se necessário. Entre os fatores de risco, o Comitê destacou elevação do preço das commodities energéticas, altas do dólar e a piora do risco fiscal – no caso, alterações na regra do teto de gastos.
- Assim, seguimos esperando que a taxa Selic alcance 11% em março, e permanecendo neste patamar no restante de 2022. Entendemos, por ora, que esse nível é o suficiente para levar a inflação para a meta até 2023, especialmente considerando a provável desaceleração da demanda final no Brasil e no mundo no ano que vem.
- A ata de hoje, contudo, impõe um viés de alta para este cenário, caso:
i) o Copom mantenha o plano de uma convergência mais rápida à meta (2022);
ii) a mudança do arcabouço fiscal leve a uma desancoragem ainda maior das expectativas de inflação.