Por Isabella Tagliapietra
O mercado encerrou a semana mais leve após a intensidade do fechamento da anterior, quando os investidores ficaram atentos à tomada de poder pelo Talibã no Afeganistão, ao avanço da variante Delta, ao anúncio do Federal Reserve (Fed) e às questões políticas e econômicas internas.
“Aquele ruído que vinha acompanhando as questões políticas amenizou, algumas declarações vindas, principalmente, do legislativo mostraram mais comprometimento com a parte fiscal”, Cristian Rafael Pelizza, economista chefe da Nippur Finance.
No cenário nacional, o que chamou a atenção foi a taxa de inflação medida pelo IPCA-15 acima do esperado, com variação de 0,89% em agosto, maior alta para o mês desde 2002, quando atingiu 1,00%. No acumulado dos últimos 12 meses, ficamos com 9,30% no índice, o que mostra a inflação aumentando, acima dos 9% previstos par o período.
“Isso já faz com que o mercado espere a Selic mais alta e crie
uma expectativa de aumento para as próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária)”, analisou o economista. O último boletim Focus anunciou a projeção da Selic em 6,25% para 2021.
Esse aumento da inflação está relacionado ao aumento de custos, como o preço do combustível e a possível crise hídrica, que vem elevando a energia, um insumo básico que está com preços elevados. “Fica mais difícil controlar esses fatores pelos juros, mas eles incomodam o controle inflacionário”, explicou Pelizza.
É importante também olharmos como o Ibovespa se comportou nesta última semana. O índice começou a semana em queda com 117 mil pontos, atingiu os 120 mil pontos na terça-feira, voltou a cair na quinta, fechando a 118.723,97 pontos. Com a expectativa do discurso do Simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos, evento anual em que membros do Banco Central americano debatem sobre assuntos importantes relacionados à economia americana e global, o índice futuro opera em alta. Para alguns especialistas, essa alta, é apenas um “soluço”.
EXPECTATIVAS
A previsão do agente autônomo de investimento da Diagrama, Denis Miyabara, é de que que o mercado se mantenha volátil nas próximas semanas, com um viés de alta. “O viés de alta não será pela falta de crescimento do setor empresarial, porque o lucro das empresas cresceu muito, mas a margem de lucro do Ibovespa continua baixa. Acredito que, baseado nas projeções, vamos ficar na mínima histórica. O lucro foi muito alto, mas o preço Ibovespa não aumentou”, comentou o economista-chefe da Nippur.
No mundo, as atenções ficaram voltadas ao simpósio. A expectativa está na fala do presidente do Fed, Jerome Powell, já que o mercado tenta enxergar algum sinal de quando os estímulos econômicos começarão a ser reduzidos.
“No mercado chinês a gente teve uma trégua, o governo chinês vinha mantendo uma pressão regulatória forte sobre as empresas e acabava refletindo na bolsa. Na última semana, a China realizou uma injeção monetária, após um processo de redução para melhorar dívidas que começou em janeiro deste ano”, concluiu.