A insatisfação pública do presidente Lula com o atual índice da taxa de Juros (Selic) movimentou e acendeu o sinal amarelo na última semana dentro do mercado financeiro.
A independência do BC foi aprovada pelo Congresso em 2021 e depois ratificada pelo Supremo Tribunal Federal.
Para alguns players do mercado, a principal questão em debate é até onde deverá ir de fato a independência do Banco Central, com a chegada do novo governo.
Sinal amarelo
Natali lembra que até o final do mês de fevereiro, deverá haver mudanças na diretoria do Banco Central. A expectativa é de que Bruno Serra, atual diretor de Política Monetária, não renove o seu mandato na cadeira.
Serra faz parte do Comitê de Política Monetária (Copom) que tem como objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros. A criação do Comitê, em 1996, buscou proporcionar maior transparência e ritual adequado ao processo decisório da definição da Selic.
“Saiu uma matéria do Broadcast dizendo que no backstage está tendo uma briga para decidir quem vai ser a pessoa nomeada no lugar do Bruno Serra. Todo o mercado financeiro achava que era consensual, dada as interações entre o Lula e o Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que não haveria interferência. Mas não é o que parece que está acontecendo”, ressalta Natalli.
“Parece que o Lula quer colocar alguém dele dentro do Banco Central. O que começa a acender várias bandeiras amarelas e vermelhas porque a pior coisa que pode acontecer para o mercado financeiro é o Executivo começar a interferir ativamente dentro do Banco Central, porque com isso você começa a tirar confiança das pessoas. Faz com que se desancore a expectativa de tudo, desde inflação até de juros futuros”, emendou.
Cronologia
Além de Lula, dentro do governo outros atores de peso também têm dado recados sobre questões que envolvem o Banco Central, a taxa Selic e Inflação.
- 14 de dezembro de 2022. Ministro da Fazenda, Fernando Haddad: “Tem espaço para uma taxa de juros menor. Você tem que dar segurança para a autoridade monetária.
- 2 de janeiro de 2023. Ministro da Fazenda Fernando Haddad: “Estamos com juros mais alto do mundo em termos reais. Precisamos, sim, buscar o entendimento da autoridade fiscal e da autoridade monetária buscando o equilíbrio.
- 5 de janeiro de 2023. Ministro da Casa Civil, Rui Costa: “Não se trata de questionar o BC independente. Não se trata de crítica. Acho que é unanimidade que juros altos não faz bem a nenhuma economia do mundo”.
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