![Exclusivo: “É uma excelente notícia o mercado estar bem funcional”, diz presidente da Anbima](https://crcnews.com.br/wp-content/uploads/2022/06/carlos-andre-presidente-da-anbima-capa-1024x683.jpg)
Quase seis meses depois de assumir como presidente da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), em maio deste ano, Carlos André conversou com a CRC!News durante o Congresso Planejar 2022, realizado na última semana em São Paulo. Durante a entrevista exclusiva, o mandatário fez um balanço do seu período no cargo, projetou os próximos desafios e falou sobre alguns temas que vem sendo destaque no mercado, como o bom momento das debêntures, o crescimento dos fiagros e a ampliação do rol de certificações para administradores de carteira. Confira.
No último mês, o Brasil registrou recorde na emissão de debêntures para o ano. O que está por trás desse bom momento?
Na verdade, o ano todo tem sido mais favorável para as debêntures, obviamente muito influenciado pela taxa de juros. Acho que é uma excelente notícia o fato de o mercado estar bastante funcional. Ou seja, demanda e oferta em uma relação de equilíbrio, os spreads se comportando de uma maneira bastante saudável, liquidez funcionando. A despeito de estarmos em um momento em que o custo de financiamento é muito alto, tanto por parte das empresas quanto por parte dos investidores, estamos com um fluxo bastante equilibrado.
Em 2023 vamos começar a ter a marcação a mercado dos títulos de renda fixa. Qual a importância desta medida e como ela deve impactar o mercado?
Tudo que vem na direção de transparência para os investidores é sempre muito bem-vindo. A grande preocupação que nós temos lá na Anbima é que, sob essa ótica de transparência, de proteção do investidor, isso não seja uma medida isolada. Queremos que seja algo transversal a todos os instrumentos disponíveis para investimento. Assim a pessoa pode tomar decisões mais bem embasadas.
A CVM recentemente ampliou o rol de certificações para ser administrador de carteiras, incluindo a CGE (Certificação de Gestores Anbima para Fundos Estruturados). O que essa mudança representa para o mercado?
Na prática foi um aperfeiçoamento que fizemos na nossa certificação CGA (Certificação de Gestores Anbima). Após muitas discussões, desmembramos a CGA em algumas outras certificações e passamos a ter um módulo mais básico, que de uma certa forma é o alicerce para todos os que queiram se certificar. A partir daí, temos duas certificações mais especializadas, uma em fundos líquidos e outra em fundos estruturados. É uma evolução do que havia anteriormente, e estamos sempre atentos para adaptar as certificações às realidades de mercado. Nada mais natural do que ter esse desmembramento. O pilar de certificação da Anbima é um dos mais importantes que temos, e sempre estamos de olho no que é preciso fazer para aperfeiçoar e de alguma forma angariar mais profissionais.
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A Anbima anunciou um crescimento de 26% dos fiagros no mês de agosto. A que você atribui essa alta e quais os desafios para o agro ganhar ainda mais espaço na bolsa?
O agronegócio de uma maneira geral é uma das principais alavancas de crescimento do país. Acho muito interessante essa aproximação do setor, pois existe muito interesse em atrair empresas do ecossistema do agronegócio para se financiarem de alguma forma via mercado de capitais. Existe ainda uma dependência importante de recursos de alguma forma subsidiados por parte do governo. Essa entrada do segmento de capitais é super bem-vinda porque na prática desonera um pouquinho o setor público da missão de ser o principal suporte ao setor. Por parte das pessoas, acho que existe também essa visibilidade perante o público investidor que acaba de alguma forma enxergando boas oportunidades. Existem instrumentos com vantagens tributárias, o próprio fiagro é um deles, os CRAs também de alguma forma atuam como fonte de financiamento. Vemos com muito bons olhos esse setor e agora estamos trabalhando em uma regulação mais específica.
Qual balanço você faz desses seis meses como presidente da Anbima e quais serão os temas foco da entidade em um futuro próximo?
Temos algumas pautas bem importantes. Uma delas será a nova regulação de fundos, que a gente espera ver promulgada agora no final deste ano ou início de 2023. Será uma das nossas agendas prioritárias. Também estamos olhando o ESG com bastante atenção. Há ainda essa parte de tecnologias digitais e como elas irão impactar o nosso mercado. Enquanto associação, devemos nos preparar para de alguma forma apoiar esse desenvolvimento da forma mais saudável possível. Por
fim, temos a nova regra de ofertas públicas, que vai valer a partir do ano que vem. Toda
essa parte de investimento e distribuição é prioritária para nós.
Texto publicado na edição 58 da revista CRC!News, acesse e leia a edição completa.