Em 2023, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vai debater uma nova modalidade de Fiagro (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais) de baixo carbono, de acordo com o presidente da CVM, João Pedro Nascimento.
“Para o ano que vem, a gente fez constar os Fiagros como um dos itens que serão tratados. Vamos explorar Fiagros de baixo carbono.”
O executivo, que participou da 1ª Conferência Internacional de Finanças Sustentáveis e Economia Criativa da Amazônia, em Manaus, lembrou que o CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) também podem ser ferramentas de preservação, caso as emissões sejam embasadas em produção com critérios socioambientais (CRAs Verdes).
A partir de janeiro, lembrou o presidente da CVM, será possível observar como as companhias de capital aberto no Brasil farão a divulgação de suas informações socioambientais, conforme a resolução 59. “Com a resolução 59 em vigor, poderemos atacar um novo tema, o greenwashing”, disse o executivo, referindo-se a situação em que boas ambições e desejos não se convertem em atitudes. “É importante dar concretude às ideias.”
Nascimento afirmou que é preciso dar condições para que investidores de outros países possam comprar créditos de carbono gerados no Brasil. “Por isso, precisamos apoiar o desenvolvimento global de pautas, como o mercado de carbono.”
Para tanto, é preciso vencer desafios. Primeiro, facilitar a alocação eficiente de capital, com a unificação de parâmetros e padrões. “Ao decidir comprar créditos do Brasil, os estrangeiros precisam ter comparabilidade com os geradores de outras jurisdições”, disse. “É preciso evitar diferenças desnecessárias de categorização.”
O mundo enfrenta hoje o desafio da taxonomia dos ativos verdes, lembrou Nascimento. “Estamos tentando participar de maneira proativa na taxonomia porque é importante para lidar com a comparabilidade e unificação dos parâmetros.”
O presidente da CVM voltou a defender que o Brasil precisa ocupar uma cadeira no ISSB (International Sustainability Standards Board), da IFRS Foundation (International Financial Reporting Standards), que estabelece padrões globais para informação e relatos de sustentabilidade voltados aos mercados de capitais.
Enfatizando a riqueza natural do país, Nascimento frisou que ainda é necessário desenvolver as regulações para que ativos ambientais de vegetação nativa ganhem tratamento financeiro que permita emissões e admissão em fundos de investimento.
“A CVM está fincando bandeira” no Amazonas, disse o executivo, para lembrar que o órgão regulador do mercado de capitais sofre com carência de servidores e precisa de um concurso público para completar seus quadros e dar cumprimento a suas funções.
Texto originalmente publicado no portal Mais Retorno.