Leia abaixo a análise da abertura de mercado desta sexta-feira (12) feita pela chefe de economia da Rico, Rachel de Sá:
“O “sextou” nos mercados internacionais começa com clima relativamente leve, com poucos indicadores a serem publicados no dia, após semana de volatilidade levada por dados. Mas o cenário geopolítico começa a chamar atenção, com alerta dos EUA aos aliados europeus de que a Rússia estaria preparando uma nova invasão na Ucrânia.
A Rússia nega as alegações, mas analistas ficam de olhos atentos ao imbróglio, já que o país é parte do “caminho” para o transporte de gás natural à região europeia, e a situação na vizinha Belarus já tem ameaçado piorar ainda mais o cenário de crise energética no mundo. Isso porque o presidente do país ameaçou cortar o abastecimento à parte ocidental do continente em meio a conflito com imigrantes que cruzam o país para entrar na União Europeia via Polônia.
A produção industrial da Zona do Euro ficou praticamente estável entre agosto e setembro, resultado melhor do que as estimativas de mercado, mas ainda fraco. O setor manufatureiro tem sido bastante impactado pelos gargalos nas cadeias de suprimentos globais e forte elevação dos custos energéticos. Esperamos diminuição gradual das restrições de oferta ao longo dos próximos trimestres.
Na China, os mercados encerram a semana em alta, impulsionados pelo dia de descontos Single’s Day – dia de descontos no varejo voltado à vendas para “solteiros”, uma espécie a Black Friday chinesa – que registrou novos recordes de vendas. Já o Bitcoin segue andando de lado, após queda de sua máxima histórica, registrada na última quarta-feira. Os investidores aguardam o lançamento do Taproot, programado para este domingo (14), visto como uma das mais importantes atualizações da criptomoeda, que promete aprimorar sua segurança e eficiência.
Em um dia de poucos ruídos políticos como há semanas não se via, o Ibovespa encontrou espaço para repercutir a enxurrada de resultados corporativos que saíram antes da abertura da Bolsa e continuam após o fechamento. Na mesma onda, o dólar comercial voltou a cair, fechando a quinta-feira em R$ 5,40.
Na agenda econômica de hoje, destaque para a publicação do resultado do setor de serviços em setembro, especialmente depois do resultado pior do que o esperado do setor de varejo divulgado ontem. O setor contraiu 2% no 3º trimestre do ano, como resultado da inflação elevada, declínio da confiança do consumidor e maior proporção das despesas das famílias sendo deslocada do mercado de bens para serviços.
Além disso, vale destacar o impacto da escassez de insumos (pois é, as mesmas restrições de oferta que tem afetado a economia no mundo todo) sobre as vendas de veículos e eletroeletrônicos. Com a melhora gradual do mercado de trabalho nos próximos meses, esperamos que o varejo se recupere um pouco, mas a inflação e a alta de juros (que apertam o crédito) devem seguir freando o setor.”