Em resposta encaminhada ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), o Banco Itau Unibanco considera que há um menor controle sobre o “tipo de assessoria” que os agentes autônomos de investimentos oferecem aos clientes.
A petição do Itau, a que a CRC!News teve acesso, foi registrada nesta segunda-feira (30). Ela faz parte do inquérito que tramita no Cade e investiga supostas infrações concorrenciais cometidas pela XP Investimentos.
As afirmações da instituição financeira fazem parte de uma das respostas dada ao Cade. Em determinado trecho, o Conselho questiona quais são as principais razões do Itaú ter utilizado, até o momento, outras estratégias para atender consumidores e investidores.
“O Itaú Unibanco decidiu atender seus clientes com assessores contratados, porque essa modalidade de atendimento permite controlar melhor a proposta de valor que se vai entregar para o cliente, quais produtos ele vai ofertar, que tipo de assessoria vai oferecer, de modo a proporcionar atendimento no perfil certo para o cliente”
destaca Marcelo Queiroga, Jurídico Concorrencial do banco Itaú Unibanco.
“Quando o atendimento é feito por agentes autônomo, tem‐se menos controle. Além disso, o atendimento por meio de assessores contratados garante que o assessor tenha incentivos para fazer o que é melhor para o cliente, na medida em que combina uma remuneração justa (que pode ser alavancada por remuneração variável), complementa Queiroga.
Recomendação é do Itaú
Desde novembro de 2000, o banco vem investindo no projeto ION para fazer frente às demais plataformas, que utilizam os serviços dos agentes autônomos de investimentos. Os assessores seguem um modelo de contrato regidos pela CLT.
“No modelo dos assessores contratados via CLT, o Itaú Unibanco consegue franquear o atendimento ao cliente, de modo que a recomendação ao cliente é a do Itaú e não a que faz sentido para um determinado assessor contratado, cada cliente é atendido em todos os canais e serviços com a recomendação do Itaú”, afirma Queiroga na petição.
Casamentos e divórcios
Apesar de investir atualmente em outro modelo de assessoria de investimentos, o Itau causou frisson dentro do mercado quando, em maio de 2017, anunciou a aquisição de 49,9% do capital da XP Investimentos, um dos principais players do setor AI.
O divórcio ocorreu, porém, pouco depois, em outubro de 2021, quando os acionistas aprovaram a fusão entre a XP e XPart, empresa que “herdou” a participação do Itaú na corretora.
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