Em defesa apresentada no inquérito do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que apura supostas infrações concorrenciais atribuídas à XP Investimentos, a plataforma revela a quantidade de escritórios que deixaram a rede nos últimos anos, bem como o impacto que essas saídas tiveram no patrimônio administrado pela empresa.
De acordo com o documento, “apenas no ano de 2020, mais de 25 escritórios deixaram a XP, responsáveis por aproximadamente 9% do patrimônio sob custódia total do grupo. Já em 2021, mais de 35 escritórios deixaram a XP, responsáveis por cerca de 6% de sua custódia total.”
Concorrência
A defesa cita diretamente o BTG Pactual e o Safra, que segundo os advogados “têm recorrentemente se aproximado dos AAIs da XP, sem que se tenha conhecimento de um esforço semelhante ao do Grupo XP para captação de gerentes de bancos ou outros profissionais de mercado para formar novos AAIs.”
Em outro trecho, a empresa argumenta que, apesar de ser a maior investidora na captação e formação de novos AAIs, “seus rivais não têm dedicado os mesmos esforços na formação de novos agentes a partir de outras profissões, optando, em vez disso, por uma estratégia majoritariamente focada em atrair AAIs vinculados à XP mediante o pagamento de bônus de contratação”
Os dados e as alegações são utilizados pela XP para defender que práticas como a utilização de cláusulas anticoncorrenciais são incapazes de limitar a concorrência no mercado de distribuição de produtos de investimentos e fazem-se necessárias “para preservar os investimentos realizados em sua rede de AAIs e garantir a manutenção de sua competitividade.”
Impacto das saídas
Ao longo do documento, a XP também dá maiores detalhes sobre os prejuízos causados pela saída de um escritório da rede. De acordo com a defesa, “a saída desses agentes continua sendo extremamente prejudicial à XP. Os escritórios de AAI são uma das principais fontes de captação de novos clientes, razão pela qual a XP sempre fomentou esse canal, investindo no convencimento dos gerentes de bancos a se tornarem AAIs e fornecendo o capital necessário para que eles conseguissem fazer esse movimento de transição. Assim, ao perder um escritório parceiro, depois de todo o investimento realizado, a XP perde também todo o seu potencial de captação e crescimento do escritório parceiro (growth), que é transferido (com pouco ou nenhum esforço) para plataformas e corretoras concorrentes.”
Atuam na defesa da XP Investimentos no inquérito junto ao Cade os escritórios BMA Advogados e Figueiredo e Velloso Advogados.
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