Por Henrique Pocai, Diretor Comercial do MB
Após uma sequência de dias de alta, o Bitcoin atingiu o All Times Hight, ultrapassando o marco histórico de US$ 69 mil. Dessa forma, o ativo atingiu, em março de 2024, o maior valor já visto desde 2008, ano da criação da moeda. Pra ter uma ideia de dimensão, esses números superam o valor de mercado de todas as ações juntas listadas na B3, que daria cerca de R$ 4,3 trilhões.
Ainda que o cenário atual da moeda e acontecimentos futuros, como o halving em abril, sejam bons argumentos diante de uma perspectiva de rentabilidade, é importante reverter o medo do desconhecido para a segurança deste tipo de investimento. E uma das funções dos profissionais do mercado financeiro é o entendimento sobre essa classe de ativos para, então, poder transmiti-lo de forma simples e com segurança para seus clientes.
O primeiro ponto a ser abordado, tendo como base a segurança financeira, é que o Bitcoin é considerado uma moeda sólida. Enquanto os governos continuam a aumentar endividamentos, recorrendo muitas vezes à impressão descontrolada de moeda para tentar conter inflação, o Bitcoin emerge como uma alternativa sólida e independente sem nenhum banco central poder realizar a emissão da moeda. Você já parou pra pensar que deixar seu patrimônio em uma moeda específica permite que você esteja a mercê do valor da moeda em relação às demais no mundo? Ou seja, se o valor do dólar subir muito, o cliente perde substancialmente o poder de compra do seu patrimônio.
Outro ponto é a inflação controlada da moeda, que se configura como um grande problema dos bancos centrais, principalmente de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, sem falar em casos mais extremos como a situação atual de inflação descontrolada como a Argentina. À princípio, isso pode soar estranho para quem não é entusiasta cripto, porém, acontece devido à sua emissão controlada.
Além de ter apenas 21 milhões de ativos programados para existir, o Bitcoin tem um processo chamado Halving, que é uma inflação controlada em que, a cada 4 anos, a criação de novos bitcoins cai pela metade (fazendo uma analogia ao mercado tradicional seria um controle já programado de emissão de papel moeda). Além disso, com a redução de emissão, a tendência é que a demanda aumente e, assim, exista a valorização do ativo.
Além disso, escuta-se muito que o Bitcoin é ouro digital, uma vez que a principal característica do valor do ouro é sua escassez (pela dificuldade de encontrá-lo e extraí-lo), e essa limitação de 21 milhões de Bitcoin mostra que 93% já foram emitidos, restando apenas cerca de 7%.
Ainda, é importante considerar a correlação do Bitcoin com outros ativos. Enquanto ativos tradicionais podem estar sujeitos a flutuações do mercado, o Bitcoin muitas vezes se comporta de forma independente, o que o torna um componente valioso para diversificar uma carteira de investimentos. A recente aprovação de ETFs e a entrada de grandes instituições no mercado de ativos digitais são sinais nítidos da expansão da moeda e, por consequência, da sua legitimidade.
Vale lembrar que a capacidade de uma Exchange (corretora de cripto) fazer a segregação patrimonial, oferece uma camada adicional de segurança e resiliência. Assim, a exchange não pode operar e alavancar com o dinheiro do cliente, os investimentos em Bitcoin permanecem protegidos. Este, inclusive, foi um dos pontos mencionados na recente Consulta Pública do Banco Central sobre ativos digitais, movimentação que diagnostica a relevância que esses tipos de investimento vêm ganhando.
Embora a volatilidade do Bitcoin possa preocupar alguns investidores mais conservadores, é importante ressaltar que a lei da oferta e demanda tende a estabilizar essas variações a longo prazo. Para alcançar altos retornos, é necessário aceitar alguma oscilação, questão que, quando diluída no tempo, tende a se moderar.
Nesse sentido, vale ressaltar que em 1973, o ouro representava US$ 32. Atualmente, o metal representa US$ 2.000. O próprio dólar, nesse cenário, desvalorizou em mais de 90% em relação ao metal, que é percebido como um porto seguro. Investir em Bitcoin oferece uma oportunidade semelhante de proteção contra a inflação e instabilidade geopolítica. A natureza descentralizada do ativo adiciona uma camada a mais de segurança, tornando-o economicamente atraente.
Enquanto as tensões geopolíticas persistem com consequentes impactos negativos, o Bitcoin permanece como uma reserva de valor que transcende as possíveis instabilidades. Em uma perspectiva de confiabilidade, característica valorizada nas carteiras de investimentos, o Bitcoin oferece às pessoas a oportunidade de reserva de valor tão sólida quanto a mantida pelos bancos. Assim, o ativo se populariza não apenas como um investimento rentável, mas uma opção confiável e independente para diversificação de carteira e proteção do patrimônio financeiro do seu cliente.