Diferentemente da renda ativa, que requer um esforço contínuo por parte do indivíduo, a renda passiva é obtida a partir de fontes que geram rendimentos de forma automática e constante. Desse modo, para recebê-la, não é preciso exercer um trabalho para ser remunerado por ele.
Esse tipo de rendimento pode proporcionar mais tranquilidade financeira e ele pode ser obtido com ajuda do mercado financeiro. Então vale a pena conhecer exemplos de investimentos que podem gerar renda passiva, já que isso pode ajudá-lo a fazer escolhas mais inteligentes.
Se você deseja descobrir 6 alternativas para obter renda passiva, continue a leitura e confira algumas das alternativas!
1. Ações que pagam dividendos
As ações representam a menor parte do capital social de uma companhia listada na Bolsa de Valores. Logo, ao comprar o papel de uma empresa, você se torna sócio dela e pode participar dos resultados da companhia.
Entre as formas de lucrar está a distribuição de lucros do negócio, como acontece com os dividendos. Eles correspondem a uma parte do lucro líquido da companhia, dividido proporcionalmente entre os acionistas. Assim, quanto mais papéis você possuir, maior será o valor dos eventuais dividendos recebidos.
É importante ressaltar que nem todas as empresas pagam dividendos regularmente. Afinal, há companhias que preferem reinvestir seus lucros para expandir o negócio. Por esse motivo, se a sua intenção for receber renda passiva, é essencial fazer uma análise das companhias em relação à distribuição de lucros.
Nesse caso, é preciso considerar questões como o histórico de pagamento de dividendos, a estabilidade financeira e o potencial de crescimento futuro. Porém, não há como prever o desempenho e nem há garantias de ganhos.
Além disso, é preciso ter em mente que os dividendos não são a única forma de lucrar com ações. Existem outros proventos, como os juros sobre capital próprio (JCP).
Também existem possibilidades como o ganho de capital, que é obtido ao vender os papéis por um preço maior que o montante pago para adquirir os ativos.
2. FIIs
Os fundos de investimento imobiliário (FIIs) são veículos financeiros que reúnem recursos de diversos investidores para adquirir e administrar:
- Empreendimentos físicos (fundos de tijolos);
- Títulos lastreados no setor imobiliário (fundos de papel);
- Cotas de outros fundos (fundos de fundos).
Assim, os FIIs podem obter rendimentos provenientes do aluguel ou venda dos imóveis pertencentes à sua carteira, dos juros dos títulos e dos lucros das cotas, respectivamente.
Esses fundos estão entre os exemplos de investimentos para obter renda passiva devido às suas regras. Na prática, os FIIs são obrigados a distribuir, no mínimo, 95% dos seus lucros semestrais em forma de dividendos.
3. ETFs
Os exchange traded funds (ETFs) são fundos de investimento de renda variável cujas cotas são negociadas na bolsa de valores, como acontece com as ações. Eles são estruturados para acompanhar o resultado de um determinado índice de mercado.
Para isso, o gestor do fundo pode investir nos mesmos ativos e em proporções semelhantes ao do indicador-alvo. Normalmente, os ETFs optam por reinvestir os dividendos recebidos na própria carteira.
Isso significa que eles utilizam esses recursos para comprar mais ativos ou realizar o rebalanceamento do portfólio. Dessa forma, as cotas são valorizadas, o que pode gerar o ganho do investidor por meio da venda delas.
No entanto, a partir de 2023, se tornou possível encontrar ETFs que distribuem os dividendos aos cotistas na Bolsa de Valores brasileira. Nesse caso, os proventos recebidos pelo ETF são repassados proporcionalmente aos investidores, conforme a participação de cada um no fundo.
4. Tesouro IPCA+ com juros semestrais
O Tesouro IPCA+ com cupom semestral é um tipo de título público de renda fixa emitido pelo Tesouro Nacional. Ele funciona como um empréstimo do investidor para o Governo que, por sua vez, utiliza o dinheiro para financiar suas atividades e projetos.
Esse título de renda fixa é do tipo híbrido, ou seja, a sua rentabilidade apresenta um percentual fixo somada a um valor que acompanha um índice de mercado. Nessa aplicação, a referência é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mensura a inflação do país.
No caso do Tesouro IPCA com juros semestrais, o investidor recebe os rendimentos prefixados do período. Essa aplicação é especialmente interessante para quem busca uma renda passiva estável, enquanto o montante investido terá correção pela inflação.
No entanto, é importante ressaltar que o valor principal investido no Tesouro IPCA+ com juros semestrais só é recebido na data de vencimento acordada. No caso do resgate antecipado, há efeitos da marcação a mercado e não há garantia quanto ao retorno, pois os títulos são vendidos pelo preço de mercado.
5. Debêntures com cupom
As debêntures são títulos de renda fixa que funcionam como um empréstimo feito pelo investidor à empresa emissora. Ao adquirir debêntures com cupom, o investidor recebe pagamentos periódicos de juros — geralmente com distribuição semestral.
Esses pagamentos representam uma parte dos juros que a empresa se compromete a pagar ao investidor para remunerar o capital emprestado. Como consequência, ao investir nas debêntures, é possível receber uma renda passiva constante.
Por outro lado, existem também debêntures que não pagam cupons, ou seja, os juros são pagos apenas no resgate ou no vencimento da debênture. Nesse caso, o investidor não recebe pagamentos periódicos ao longo do prazo do investimento, obtendo a remuneração total no final.
6. Previdência Privada
A Previdência Privada é um tipo de investimento que permite acumular um patrimônio ao longo do tempo e, posteriormente, receber os rendimentos. Para tanto, ela apresenta duas fases distintas.
Na fase de acumulação, o investidor realiza contribuições periódicas, que podem ser mensais, visando aumentar o seu patrimônio. Essas contribuições são investidas conforme a estratégia definida pelo plano escolhido.
Após a fase de acumulação, é o momento do usufruto da Previdência Privada. Nessa etapa, o investidor tem a opção de realizar o resgate total do valor acumulado ou optar por receber uma renda regular.
Essa renda passiva pode ser vitalícia ou por um período determinado, conforme a escolha individual. No primeiro caso, é possível garantir um fluxo contínuo de recursos para sua aposentadoria, por exemplo.
André Bona
André Bona é educador financeiro desde 2010, atualmente é professor da disciplina de Alocação de Ativos no curso de Pós-Graduação de Finanças, Investimentos e Banking da PUC-RS, faz parte do time de educação financeira do BTG Pactual.