Faltando menos de sete dias para a realização do Por Elas, evento que irá reunir algumas das lideranças do setor financeiro para um bate papo sobre os principais temas, dilemas e desafios das mulheres no mercado financeiro, o presidente da B3, Gilson Finkelsztain, em entrevista exclusiva à CRC!News, destacou o compromisso da instituição em estimular a diversidade de gênero dentro do segmento e também nas empresas listadas. “É o nosso papel enquanto B3 fazer essa indução de um tema tão importante que é a diversidade”, diz.
De fato, a participação feminina no mercado financeiro brasileiro vem crescendo, mas ainda está longe de chegar a uma situação de paridade. Segundo dados da própria B3, o país já reúne mais de 1,2 milhão de investidoras, mas esse número representa 23,96% do total de participantes da bolsa. Dentre os profissionais do segmento, a presença também é tímida. Dados de julho apontam que, dos quase 20 mil certificados pela Ancord (Associação Nacional das Corretoras de Valores) para atuar como assessor de investimentos, somente 22% eram mulheres.
Confira a seguir a íntegra da conversa com Finkelsztain, realizada durante o MKBR22, evento promovido esta semana em São Paulo pela B3 em parceria com a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
A B3 superou neste ano a marca de 5 milhões de CPFs registrados. Como você avalia o crescimento do mercado de capitais no país e a importância da educação financeira?
A educação financeira é fundamental nesse processo de evolução que estamos vivendo no mercado financeiro brasileiro de capitais. Ela dá uma base importante e necessária para que todos os investidores consigam enfrentar essa inércia inicial de entender que o mercado financeiro pode ser para todos. A B3 acredita que a educação financeira é um pilar importante da evolução do mercado de capitais. Por isso, além de acreditar, investimos no ramo de educação e promovemos muitas iniciativas educacionais para o investidor desmistificar esses temores que fazem com que as pessoas se assustem, ou achem que o mercado financeiro não está acessível. Temos um compromisso de longo prazo com a educação financeira.
Leia mais
“Acredito que a diversidade de gênero traz equilíbrio”, destaca Thaliani sobre o Por Elas
Ana Melo: ‘Negócios que investem em diversidade colhem frutos rapidamente’
Miquelino: “A ideia é realmente trazer mais diversidade para o mercado financeiro”
O ano de 2022 tem sido particularmente desafiador para a renda variável. De que forma o suporte de profissionais especializados, como assessores de investimento, tem se mostrado importante para ajudar o investidor a lidar com esses momentos de maior volatilidade?
O mercado nos últimos anos viveu uma transformação muito grande. Antigamente, você tinha uma oferta restrita de produtos de acordo com a instituição escolhida. O que vivemos nos últimos anos foi uma abertura para o que o mercado chama de arquitetura aberta. Você tem hoje um universo enorme de produtos disponíveis para o investidor. E aí entra o papel desse profissional de investimento em ajudar a filtrar e explicar quais e em que quantidade esses produtos podem ser disponibilizados e adequados para os objetivos do cliente. O papel profissional de investimento é fazer essa ponte e alinhar entre tudo que está disponível e os objetivos da pessoa. É algo fundamental para garantir que elas atinjam suas metas.
Na última semana, a B3 finalizou uma consulta pública sobre diversidade de gênero dentro das empresas listadas. Quais os próximos passos?
Foi uma consulta um pouco mais restrita a um ângulo dentro do ESG, que é a participação da diversidade de gênero e outras minorias em conselhos de administração e diretoria das empresas. Estamos compilando essas respostas, devemos tornar disponível nas próximas semanas para o público em geral e a partir dali vamos implementar ou não aquilo que estava em audiência pública. Um dos pontos em discussão é a obrigatoriedade de, a partir de 2025, as empresas listadas contarem com ao menos uma mulher nas suas diretorias executivas e conselhos de administração, além de um representante de outras minorias a partir de 2026 também na diretoria e no conselho. Estamos vislumbrando essa agenda para o início do ano que vem para tornar a regra do pratique ou explique obrigatória nas empresas listadas.
Nos últimos anos as mulheres também vêm ganhando maior espaço dentro do mercado de investimentos. Como vê essa evolução e qual o papel da B3 neste contexto?
Se estamos induzindo é porque a gente acredita. E acho que é o nosso papel enquanto B3 fazer essa indução de um tema tão importante que é a diversidade. A B3 é muito comprometida. Temos dois chapéus, somos uma empresa aberta que também está sob essas regras e cumprimos. Mas também falamos muito com o investidor e percebemos que ele está bem atento a essa agenda ESG e queremos ser um grande indutor como bolsa de valores, como ambiente de listagem, para que outras empresas também enfrentem essas discussões.
Texto publicado na edição 53 da revista CRC!News, acesse e leia a edição completa.